SciHistoQuest: Vozes de Mudança
"I wonder whether the tiny atoms
and nuclei, or the mathematical symbols, or the DNA molecules have any
preference for either masculine or feminine treatment.”
— Chien-Shiung Wu, Física Nuclear
Em 2025, celebram-se os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, realizadas em
1975, um momento decisivo para a democracia e para os direitos das mulheres.
Pela primeira vez, as mulheres puderam votar e ser eleitas em condições de
igualdade, rompendo com décadas de exclusão política. Desde então, o seu papel
na sociedade tem vindo a afirmar-se em várias áreas — com destaque para a
ciência.
Hoje,
as mulheres lideram investigações, coordenam instituições e marcam presença em
áreas tradicionalmente masculinas, como as engenharias, a física ou a
matemática. No entanto, esta ascensão tem sido feita num percurso repleto de
desafios, onde o reconhecimento continua, muitas vezes, aquém do merecido.
É neste
contexto que se insere o projeto europeu eTwinning SciHistoQuest,
dinamizado neste ano letivo pelo Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade, em
colaboração com escolas parceiras de Itália e Espanha. O projeto tem como
objetivo valorizar o contributo das mulheres na ciência ao longo da história -
um património tantas vezes silenciado ou esquecido.
Ao
longo das atividades, os alunos refletiram sobre a igualdade de género na
ciência e reconheceram que, apesar das limitações impostas por papéis sociais
rígidos, muitas mulheres tiveram um papel ativo e essencial no desenvolvimento
do conhecimento através dos tempos. Em colaboração com os parceiros
internacionais, produziram vídeos, comic strips, jogos sobre figuras
femininas na ciência e até entrevistas com cientistas de diferentes épocas,
recorrendo à Inteligência Artificial (Mizou).
Durante
a receção Erasmus aos colegas da Toscânia, os alunos portugueses partilharam os
trabalhos desenvolvidos numa exposição, participaram em jogos e atividades
conjuntas e colaboraram na criação de um mural coletivo dedicado às mulheres na
ciência. Um dos momentos mais marcantes foi o encontro com a astrobióloga Zita
Martins — um exemplo inspirador de excelência científica em Portugal —
conduzida com curiosidade e entusiasmo pelos alunos.
Zita Martins: A Ciência é inclusiva
A cientista portuguesa partilhou o seu percurso académico e profissional, falou sobre o fascinante campo da astrobiologia e refletiu sobre o papel da mulher no mundo científico.
A
palestra, seguida de uma entrevista à investigadora, contou com a presença dos
parceiros internacionais do projeto, presencialmente e a distância O testemunho
inspirador de Zita Martins sublinhou que a ciência deve ser um espaço de
oportunidades para todos, independentemente do género.
Promover Igualdade e Inspirar Futuros
O
projeto SciHistoQuest mostra como a escola pode ser um espaço de
transformação, onde se promove a curiosidade científica, se desafiam
estereótipos e se constrói uma sociedade mais justa. Ao dar voz às mulheres na
ciência, celebramos não só o seu legado, mas também a promessa de um futuro
mais inclusivo.
Porque, como nos lembrou Zita Martins, “A ciência precisa de todas as mentes” — e não há ciência verdadeiramente completa sem a voz no feminino
Texto: Professoras responsáveis - Cátia Borges, Rita Neves, Marisa Cachapa
Nesta senda, a Ciência Viva lançou o 3.º volume do livro "Raparigas na Ciência" no dia 11 de fevereiro, às 11.00, no Pavilhão do Conhecimento – Centro Ciência Viva.
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