segunda-feira, 15 de junho de 2020

15 de junho de 2020 - «Lições da Pandemia» - S. Exa. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa - Cidadania


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No âmbito do Estudo em Casa e no contexto da cidadania e desenvolvimento, hoje, S. Exa. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com os alunos sobre 


«As lições da Pandemia»

Assista aqui!























  13:30                                                                Aula sobre cidadania “As Lições da Pandemia” em direto para o                                                                                       #EstudoEmCasa
                                                                     Local: RTP, Avenida Marechal Gomes da Costa, Lisboa    

Alguns apontamentos da aula de cidadania:  


"Olá boa tarde, chamo-me Marcelo Rebelo de Sousa e sou professor. E hoje vou matar saudades".



1. ª A coisa mais importante da vida é a vida e a saúde. O divertimento e o desporto nada significam sem a saúde.  (Saudou os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, os professores e nomeou outras profissões essenciais que tiveram de tabalhar durante a pandemia)

2.ª  Em muitos momentos, cada um foi para seu lado. É bom que quando chegarem as vacinas cheguem para todos, porque não há cidadãos de primeira e de segunda.

3.ª A Europa andou distraída no início. Percebeu tarde, mas percebeu. Foi menos egoísta.

4.ª Epidemia pega-se com muita facilidade. Ficamos em casa semanas ou meses porque houve quem fosse trabalhar. Os médicos, os de lixo, os polícias, os seguranças...

5.a O vírus ataca toda a gente, mas sobretudo os mais idosos como eu, que tenho 71 anos, os mais doentes do coração e dos pulmões. E a vossa obrigação é pensar que não são eternos. Usar a máscara quando necessária, a distância social, quando imposta, e a limpeza.

6.ª O vírus ataca todos, mas sobretudo os mais pobres, os sem teto, os que vivem em camaratas ou em casas sem condições. Um em cada cinco pessoas que vivem em Portugal estão abaixo do limiar da pobreza.

7.ª Milhares de emigrantes que quiseram vir a Portugal nas férias da Páscoa e nós tivémos de lhes pedir para não virem para não haver o risco de contágio e eles sacrificaram-se. E agora pedimos aos milhares que se preparam para vir de férias de verão que tenham cuidado com os avós.

8.ª Vocês passaram largas semanas em casa fechados, com os irmão, pais e avós e estiveram distante de outros familiares e amigos. Foi mesmo um irritação, um guerra. Nunca nos últimos anos estiveram tanto tempo juntos como agora. Isso é uma sensação única, mesmo nos momentos em que não corre bem e se irritam ... isso é inesquecível. É o melhor que temos na vida.

9.ª Eu já vivi algumas epidemias, mas nada comparado com isto. Olhemos para a China, onde já se fala na segunda vaga. Nunca se estudou tanto pela Internet, nunca se trabalhou tanto de casa com o computador, nunca se falou tanto com colegas, amigos, parentes através da Internet como nos últimos meses. Eu descobri o valor das pequenas coisas. Não poder viajar, sair de casa, jogar à bola, pequenos gestos, encontro ou conversa com amigo ganha importância. Eu passeei quilómetros no Palácio de Belém. O que parece pequeno torna-se enorme. Por vezes chamamos a isso saudade, mas se não for saudade é vontade de encontrar.

Agora pensem em quem não sai de casa. Ponham-se na posição deles. Imaginem o que é estar preso em casa. Vocês estiveram e agora dêem valor a quem está preso em casa. Devem encontram-se com bom senso. Outro dia fui a um concerto e, de repente, entra no palco a banda que ia tocar e os dois artistas que iam cantar e houve um aplauso louco. Era um aplauso de "até que enfim!". Eu, como sabem, nado duas ou três vezes por semana. E durante o período que não se podia nadar, eu passeava à noite, um passeio higiénico à noite e evitava olhar para praia, não sabia quanto tempo tinha de ficar sem nadar... Quando pude,  dei um passei no paredão da praia e no primeiro dia que pude nadar soube-me como se tivesse cinco ou seis anos que foi quando comecei a mergulhar.

Aos 13-14 anos pensava que ia viver eternamente. O esforço teve de ser de todos. E agora o que me apetece é abraçar e beijar as pessoas. Eu tenho fama de beijoqueiro. É verdade sou beijoqueiro. Os pais educaram-me assim. O meu filho que vive em São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil e no Mundo, neste momento, veio visitar-me e esteve cá 15 dias e mantivémos o distanciamento social, mas no momento de se despedir, o meu filho não resistiu e abraçou-me e beijou-me. Ainda bem que não havia câmaras a filmar.

10.ª Para vocês para quem o ano não correu assim tão bem, não fiquem desanimados que não é o fim do mundo. A grande aula da vossa vida foi viver o que viveram.



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